terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Pássaros... não aprisione



Pássaro do céu e das árvores que nasceu com asas para voar,
encarcerado nessas grades tecidas pelas mãos humanas, da sua
natureza não pode desfrutar...




Todos os dias ao passar em frente àquele bar sinto um aperto no peito por olhar outros humanos que não querem me ouvir ao falar daquela gaiola que encarcera o pássaro tão belo que impedido está de viver sua essência e o destino para o qual foi criado: voar.

Indago-me diariamente qual foi o delito cometido pelo desafortunado animal que recebeu uma sentença humana de banimento da sua própria mãe natureza.

Condenado sem processo e sem defesa não pode sentir o acolhimento da árvore, nunca saberá o que é fazer um ninho ou sentir a brisa do vento e o frescos dos raios de sol. Não experimentará a sensação para qual foi criado ou explorará a magnitude de seu vôo, pois jamais poderá bater suas asas e explorar o mundo cantando suas melodias de saudação à vida e à liberdade.

Foi sentenciado a sobreviver na gaiola furada na parede do bar, perto da tv, longe de qualquer visão que lhe seja familiar, sem conhecer os seus iguais.

Conhecerá apenas o exemplar humano,  o carrasco que não cessa na execução da sua sentença eterna, que raras vezes imagina oferecer um alento ao pobre bicho, posiciona sua cela em outra parede do bar, perto da rua a atiçar a ânsia de liberdade do pássaro de um dia viver sua amplitude, sua natureza, sua história. Então ele canta, e em sua linguagem única expressa sua tristeza e gritos de socorro, mas ninguém o escuta, pois embevecidos todos com seu canto de beleza acreditam que a ave canta porque é feliz.

Pobre raça humana que somente é capaz de julgar aquilo que pensa entender através de seu pequeno e limitado mundo, dentre tantos universos que não conhece e não pode compreender está o mundo do pássaro que jamais entenderá sua condenação e as razões de seu algoz.

Outros humanos tentam mostrar que a prisão não pode trazer felicidade. Ninguém quer estar preso, nenhuma espécie é feliz assim, mas é somente assim que a maioria dos humanos sabem lidar com o amor o com o que pensam que sabem dele. Apego e prisão.

Quanto ainda transportará de tempo até que o amor possa ser sentido, respeitado e direcionado para todas as vidas?

O amor liberta.

O pássaro sabe disso, por isso chora e clama sua liberdade, mas os ouvidos humanos recebem canções de felicidade. Flexibiliza valores e reduz tudo ao seu entendimento ainda limitado.

Sem inquérito, sem processo, sem defesa, mas com a sentença transitada em julgado.

Um dia as gaiolas serão abertas, noutro dia elas não mais existirão, então o pássaro terá sua reparação, sua justiça e a devolução de sua dignidade, que não é exclusiva da espécie humana.

Dignidade esta que vejo estampada na ave resignada no fundo da gaiola, exibindo sua magnitude e esperando o dia do grande despertar.

A vida é um ciclo, a incessante roda da fortuna que trará a cada um segundo suas obras.

Ave de Deus, rainha dos céus, dona das árvores, senhora dos ventos e das melodias da natureza, não consigo salvar-te da ignorância, perdoa-me.

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